14 janeiro 2011

Sindicalistas insistirão em R$ 580

Brasília (AE) - Se depender dos aliados e das centrais sindicais, a presidente Dilma Rousseff será obrigada a vetar o valor do salário mínimo a ser aprovado pelo Congresso. Somados à oposição, os partidos da base e as centrais sindicais resistem a aprovar o mínimo de R$ 545, conforme defende a presidente, e ameaçam aprovar no Congresso um valor superior. Medida provisória assinada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estipulou em R$ 540 o mínimo para este ano. Dilma admite aumentar, no máximo, em R$ 5 o valor proposto pelo governo anterior.

“Esses R$ 5 a mais não dão para tomar duas cachaças”, reclamou ontem o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical. “Vamos insistir no mínimo de R$ 580. Pode até ser que não consigamos aprovar esse valor, agora também não vai ser aprovado os R$ 545”, desafiou o sindicalista. Ele apresentou emenda à medida provisória para elevar o mínimo para R$ 580.

Futuro líder do PT na Câmara, o deputado Paulo Teixeira (SP) é outro que antevê dificuldades na aprovação do mínimo. “Vamos ter de unificar o diálogo com as bancadas que dão sustentação ao governo e com as centrais sindicais”, disse. “Não adianta ter muita bondade com o mínimo e dar um valor maior sem olhar a inflação, que corrói o valor do salário”, observou o petista.

São muitas as propostas para aumentar o mínimo acima dos R$ 540 no Congresso. Além da emenda do pedetista Paulo Pereira, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é outro aliado que tem proposta para elevar o mínimo para R$ 560. O senador Paulo Paim (PT-RS), cujo o mandato é inspirado na bandeira do aumento do mínimo, já avisou que apoia a proposta de Cunha. “É uma iniciativa individual, não do partido. Mantenho a emenda porque ela não tem a ver com nenhum outro processo. Se o PDT pode apresentar R$ 580, porque a gente não pode defender R$ 560? Se não é viável, vão ter que mostrar por que não é”, argumentou Cunha.

O PSDB promete apresentar emenda para aumentar para R$ 600 o valor do mínimo, conforme foi proposto pelo candidato derrotado à presidência José Serra. “Se tivéssemos ganhado a eleição cumpriríamos o prometido e o PT, com certeza, seria o primeiro a votar conosco a favor dos R$ 600”, afirmou o deputado Jutahy Magalhães Júnior (PSDB-BA). “Vamos ver se a Dilma vai ter força para segurar o mínimo em R$ 545, como ela quer”, desafiou o tucano. “Acho que o governo tem condições de dar um aumento maior para o mínimo. Ampliar as políticas de redistribuição de renda não é apenas distribuir bolsas e sim dar aumento maior para o mínimo”, argumentou o deputado José Aníbal (PSDB-SP).

A proposta dos tucanos de elevar o mínimo para R$ 600 está longe, no entanto, de ser consensual na oposição. As desavenças internas no DEM dividiram o partido: parte da bancada não quer nem ouvir falar no valor prometido pelos tucanos.



Fonte: Tribuna do Norte

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